O capital brasileiro se globaliza

Istoé Dinheiro

Por Carlos Eduardo Valim
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Em busca de maior rentabilidade e de proteção às incertezas do cenário interno, o investidor corre para opções no exterior. Novas plataformas, ferramentas e serviços de corretoras criadas nos últimos meses permitem diversificar em ações, imóveis e ETFs.

Mineiro de Itajubá, Carlos Vaz se mudou para os Estados Unidos há 25 anos. Tudo o que tinha eram US$ 300. O dinheiro não dava nem para pagar o aluguel do sótão no qual ele se instalou nos primeiros dias. Como muitos brasileiros, para conseguir se manter nos EUA, ele precisou fazer bicos como entregador de jornais e em restaurantes. Como estudava Direito no Brasil, sonhava continuar o curso por lá. Escolheu viver na região de Boston, Massachussetts, onde fica a Universidade Harvard, famosa por formar alguns dos melhores advogados do mundo. Mas sua rotina de imigrante passou longe da faculdade. Vaz entrou para o ramo de reformas de casas — e foi assim que começou a juntar dinheiro. O passo seguinte foi se mudar para a promissora Dallas, no Texas, que vivia uma explosão imobiliária. Aproveitando as liquidações que os bancos faziam para se livrar de imóveis antes de divulgar seus balanços, Vaz passou a comprar casas para alugar. O negócio decolou. Desde 2008, sua empresa, a Conti Real Estate Investments, realizou US$ 1 bilhão em transações. Atualmente, possui 9 mil apartamentos nas principais cidades do Texas.

O sucesso de Vaz é atípico e tem servido de inspiração para outros brasileiros com o mesmo desejo de “fazer a América”. Muitos o acompanham em palestras, como a da foto ao lado, nas quais ele narra sua jornada e ensina o caminho das pedras para ganhar dinheiro investindo nos EUA. Mas ninguém precisa viver uma aventura como a dele para lucrar fora do Brasil. A própria Conti criou uma estrutura voltada a investidores nacionais que querem adquirir cotas de empreendimentos imobiliários. “O brasileiro pode ser um investidor mundial. Se transformar R$ 5 mil em US$ 1 mil, em cinco anos continuará tendo recursos em moeda forte”, afirmou Vaz à DINHEIRO.

Com essa visão, a CONTI tem atraído interessados. Dos US$ 120 milhões em negócios levantados pela empresa nos últimos 18 meses, 40% vieram de brasileiros. Nas últimas semanas, o atendimento foi ampliado por meio de escritórios recém-montados em Miami e em São Paulo. “Queremos simplificar e desmistificar o que é investir fora. Faz muito sentido a diversificação geográfica”, disse o empresário. Além dos juros baixos praticados no Brasil, a ideia de proteger o patrimônio contra a instabilidade do real e da política nacional é um argumento citado por especialistas que, como ele, recomendam aplicações no exterior.