Últimas notícias: O Federal Reserve aumenta taxa de juros em 75 pontos de base

27 de julho de 2022

Após uma leitura tórrida da inflação em junho, o Federal Reserve aumentou a meta de taxa de fundos federais em 75 pontos de base (bps), outro passo agressivo na campanha do Fed visando desaquecer a economia e controlar a inflação. Isto totaliza um aumento cumulativo nas taxas deste ano de 225 bps. Nossa previsão futura de aumento de taxas depende quase que totalmente da inflação. Como resultado, vemos um aumento de taxas pelo Fed de 75 bps adicionais em setembro, seguido de outros aumentos de 25 bps nas próximas duas reuniões deste ano. Seguindo esta mesma lógica ao conduzirmos a nossa previsão das taxas de juros para 2022, não prevemos que o Fed irá recuar nos aumentos de taxas até que a inflação atinja uma taxa menor que 6%. Além dos aumentos de taxas, o Fed continua a retrair seus títulos do Tesouro e títulos hipotecários, os quais estão pressionando ainda mais a política monetária.

O Fed poderá sem dúvida restringir o crescimento da economia a curto prazo, diminuindo a demanda e apertando as condições financeiras. O relatório do PIB desta semana serve como um ótimo indicador de que a economia contraiu durante o T2 de 2022. Isto aponta para o segundo trimestre de crescimento negativo da economia, o qual comumente faz muitos concluírem que isso seja, de forma errônea, uma recessão. De fato, a agência responsável por datar as recessões analisa não somente o crescimento do PIB, mas também o mercado de trabalho, que sabemos estar resistindo muito bem.

Não está claro a que extensão o Fed poderá alcançar seus objetivos de controlar a inflação enquanto procura evitar a recessão. Isto é especialmente verdadeiro considerando-se que a participação do leão nas pressões inflacionárias na economia estão se originando por parte da oferta, especificamente devido aos gargalhos da cadeia de fornecimento e da mão-de-obra reprimida. Estes dois desafios por parte da oferta estão começando a apresentar sinais de suavização, mas claramente não rápido o suficiente para o Fed. A maior preocupação sob a perspectiva do Fed é a possibilidade de que a inflação poderá tornar-se “arraigada” nas mentes dos consumidores, o que poderia gerar o temido fator salário-preço em espiral. O relatório mais recente do BLS demonstra uma certa moderação no aumento de salários, mas outras fontes—especificamente o Fed de Atlanta—vê que o aumento de salário ainda esteja em processo de aceleração. É em meio a este contexto que o Fed está particularmente ansioso em conseguir conter a inflação.

No geral, a economia dos E.U.A. hoje está numa posição relativamente forte para suportar o ritmo atual dos aumentos de taxas de juros. Isto se deve fortemente ao balanço das famílias e corporações, um mercado de trabalho apertado e um sistema bancário muito aprimorado e mais cauteloso comparado aos anos precedendo a Grande Recessão. Apesar dos aumentos de taxas de juros desta magnitude serem comumente associados a uma economia com uma “aterrissagem dura”, o Fed poderá ser capaz de alcançar a “aterrissagem suave” tão almejada.